Impactos produtivos e econômicos causados pela Covid-19 - Cadeia produtiva: Corte

Apesar da pandemia do COVID-19 e seus impactos na economia, as exportações do agronegócio brasileiro não foram afetadas negativamente, pelo contrário. Falando de carne bovina, no acumulado de janeiro a junho, houve um aumento de
32,9% em 2020, comparado com o mesmo período do ano anterior. Este fato é explicado pela elevada demanda chinesa dos produtos de proteína animal do Brasil, que já vinha ocorrendo desde novembro de 2019 em função da gripe suína africana, doença esta que obrigou o abate de mais de 40% do rebanho chinês. Outro ponto que contribui com as exportações de carne bovina é a alta do dolar, que acumula um aumento, desde o início do ano, de 32,6%. Esta valorização da moeda americana se explica pelo movimento de baixa da taxa de juros Selic, que atualmente se encontra em 2,25%, fazendo com que os ativos denominados em reais fiquem menos atrativos com relação ao dolar, enfraquecendo a moeda nacional.
Já com relação ao consumo, dentre os vários fatores que afetam a demanda por carne bovina, os mais importantes são os de ordem econômica, tais como a renda da população, o preço da carne e o preço de proteínas concorrentes. Atualmente, não só no Brasil mas no mundo todo, há uma elevação no número de desempregados e uma diminuição da renda dos trabalhadores, e como a carne bovina é elástica à renda, existe uma tendência de redução do consumo interno que representa 79,6% do total produzido no país. A pandemia trouxe mudanças no padrão de consumo em função da decretação de medidas preventivas, principalmente a quarentena. As vendas para food services caíram em até 65%, mas no pequeno, médio e grande varejo, o efeito foi contrário. Passou-se a comprar mais nos supermercados e mercados locais, pois o consumo fora do domicílio caiu e isso impacta as vendas no varejo, levando a uma retração na aquisição de carnes nobres, tendo menos impacto nos demais cortes de menor preço. Nesse sentido, o mercado externo vem se configurando como um fator determinante no desempenho do setor neste ano, sendo demonstrado pelo valor médio da arroba praticado conforme Gráfico 3 abaixo, em que no acumulado de janeiro a junho, 2020 apresentou uma alta de R$48,01/@, o que representa uma elevação de 33,7%, acompanhando a variação de aumento das exportações no mesmo período.